sexta-feira, 29 de junho de 2018

“Lentes de contato” nasais para emagrecer – será que funciona?

Imagine que você está andando na rua e passa em frente a uma padaria no exato momento em que os pães saem do formo. Consegue imaginar o cheirinho? Deu água na boca? Pois é, o nosso olfato, especialmente quando somos mais jovens, tem algum efeito no controle do apetite.



Levando isso em conta a empresa Beck Medical desenvolveu um dispositivo para ser usado no nariz que diminui nossa capacidade de sentir aromas sem interferir na respiração. As “lentes de contato” nasais precisam ser usadas por pelo menos 12 horas por dia e duram 2 semanas.
A empresa avaliou a nova tecnologia em um estudo apresentado no Congresso Europeu de Obesidade de 2018. Dos 65 pacientes obesos que completaram o estudo, 37 usaram o dispositivo e 28 formavam o grupo controle. Todos os participantes receberam orientação dietética para reduzir o consumo de calorias. Após 14 semanas, os pacientes com menos de 50 anos de idade que usaram as “lentes” perderam em média 7,7 por cento do peso inicial. Já os pacientes que não usaram, perderam 4 por cento. Os pesquisadores perceberam que os usuários do dispositivo ingeriram menos alimentos e bebidas doces.
Apesar de animadores, os resultados do estudo ainda são preliminares e precisam ser replicados para sabermos qual perfil de paciente realmente pode se beneficiar da invenção. De qualquer maneira, surge uma nova linha de pesquisa no tratamento do excesso de peso e da obesidade: o estudo dos cheiros do que consideramos gostoso de comer.

Fonte: Nasal 'Contact Lens' May Help Fight Obesity - MedScape


Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Doutor em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991


sábado, 23 de junho de 2018

Hipotireoidismo durante a gravidez – quando e como fazer a avaliação

O hipotireoidismo durante a gravidez aumenta o risco para uma série de complicações, entre elas:
- pressão alta e pré-eclâmpsia;
- descolamento de placenta;
- parto prematuro;
- baixo peso ao nascer;
- aumento nas taxas de parto por cesariana;
- hemorragia após o parto;
- mortalidade neonatal;
- problemas no desenvolvimento neurocognitivo do bebê.


Hoje, os exames para avaliar o funcionamento adequado da tireoide são amplamente disponíveis e acessíveis. Logo, existe interesse crescente em avaliar mulheres grávidas com vistas a prevenir as complicações acima descritas.
No entanto, a prática conhecida como “rastreamento universal”, isto é, fazer exames de tireoide em toda mulher grávida, ainda é controversa.
Muitos obstetras e endocrinologistas preferem indicar a avaliação da função tireoidiana quanto existe suspeita de que algo possa estar errado – rastreamento em grupos de alto risco.

As mulheres que se enquadram em qualquer um dos itens abaixo são candidatas aos exames de tireoide:
- sintomas de hipotireoidismo - alguns como cansaço, ganho de peso e intestino preso podem ser confundidos com sintomas da própria gravidez;
- história familiar ou pessoal de doença na tireoide;
- história de anticorpos anti-TPO elevados;
- presença de bócio (aumento da tireoide);
- idade maior que 30 anos;
- diabetes tipo 1;
- história de radioterapia na cabeça ou pescoço;
- história de perda fetal ou parto prematuro;
- duas ou mais gestações prévias;
- infertilidade;
- uso recente de amiodarona, lítio ou exames contrastados.

O motivo da controvérsia é que a estratégia de fazer exame apenas nas gestantes de alto risco deixa de detectar até 30 por cento dos casos de hipotireoidismo. Por outro lado, os estudos que testaram o rastreamento universal não evidenciaram menor risco de complicações obstétricas com esta abordagem.

As gestantes candidatas à avaliação devem dosar o TSH no primeiro trimestre.
1- Se o TSH estiver entre o limite inferior trimestre específico da normalidade para o exame e 2,5 mUI/L, a maioria das mulheres não precisará de avaliação complementar. Exceções são as mulheres com anti-TPO positivo, história de tratamento com iodo radioativo, de cirurgia na tireoide ou radioterapia na cabeça ou pescoço. Estas merecem ser reavaliadas a cada trimestre da gestação.
2- Se o TSH for maior que 2,5 mUI/L, o anti-TPO também precisa ser avaliado. Se o anticorpo for positivo, o tratamento com hormônio tireoidiano pode ajudar a prevenir complicações.
3- Se o TSH for maior que o limite superior trimestre específico da normalidade para o exame, o T4 livre deve ser avaliado para estimar o grau do hipotireoidismo e definir a melhor forma de tratamento.

Com estes resultados em mãos, o endocrinologista avalia a necessidade de tratamento, calcula a dose mais apropriada da reposição hormonal e planeja o seguimento.

Fonte: Ross DS. Hypothyroidism during pregnancy: Clinical manifestations, diagnosis, and treatment. UpToDate.

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Doutor em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

domingo, 17 de junho de 2018

Triglicerídeos elevados: o que fazer?

Os triglicerídeos são moléculas de gordura cuja principal função é fornecer energia ao organismo. São normalmente dosados no sangue após 12 horas de jejum e valores maiores que 150 mg/dL são considerados elevados. Estima-se que 1 em cada 3 pessoas tenham níveis elevados de triglicerídeos.



Várias são as condições que podem levar ao aumento dos níveis de triglicerídeos. Entre as principais estão o excesso de peso/obesidade, consumo de álcool, diabetes mellitus, doença dos rins, hipotireoidismo, uso de estrogênios (hormônio feminino), uso de alguns medicamentos, além da história familiar, isto é, fatores genéticos.
Apesar de intenso debate no passado, hoje se sabe que níveis elevados de triglicerídeos estão associados a aumento do risco de doenças cardíacas e vasculares. O aumento no risco para essas doenças não ocorre somente pelos níveis elevados de triglicerídeos, mas também por condições associadas como níveis baixos de colesterol HDL (colesterol bom), colesterol LDL (colesterol ruim) com maior potencial de entupimento vascular, resistência à insulina e aumento da coagulabilidade sanguínea.
Quanto ao tratamento, existem controvérsias. Os pacientes devem manter o peso dentro do normal, fazer atividades físicas, além de evitar doces, carboidratos refinados e álcool. Existem opções de medicamentos que podem ser usadas dependendo dos níveis de triglicerídeos. No entanto, o uso de remédios é reservado para casos selecionados, já que ajudam pouco na prevenção de doenças cardiovasculares.

Fonte: UpToDate.

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Doutor em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

domingo, 3 de junho de 2018

Tratamento da osteoporose após a menopausa

Chamamos de menopausa a última menstruação. A menopausa é um dos marcos da diminuição da produção hormonal pelos ovários. Entre as consequências desta fase da vida da mulher, pode estar a osteoporose.
A osteoporose é uma doença assintomática caracterizada por aumento da fragilidade dos ossos que pode ser facilmente diagnosticada através da densitometria óssea. Feito o diagnóstico, o que pode ser feito para prevenir as fraturas?


Primeiramente o endocrinologista certifica-se através de alguns exames laboratoriais que a osteoporose não possui uma causa secundária além da deficiência hormonal pós-menopáusica. Feito isto, o tratamento divide-se em medidas não farmacológicas e farmacológicas.
As medidas não farmacológicas são garantir uma ingesta apropriada de cálcio e de vitamina D, nutrientes fundamentais para a saúde óssea, além de fazer atividades físicas regulares e evitar o cigarro. As atividades físicas são importantes, pois previnem fraturas. Já o cigarro deve ser evitado, porque está associado a aumento da fragilidade dos ossos.
Os medicamentos usados para o tratamento da osteoporose devem ter eficácia e segurança comprovadas na prevenção de fraturas principalmente de quadril, que são as mais graves. A classe de medicamentos que melhor se enquadra neste perfil é a dos bisfosfonatos (alendronato, risedronato, zoledronato). Para pacientes que não se adaptam, possuem contraindicações ou não respondem aos bisfosfonatos, existem outras opções de tratamento. Os medicamentos de segunda linha têm custo mais alto e são menos estudados, logo, antes de serem prescritos, a paciente deve ser cuidadosamente reavaliada.
O acompanhamento da paciente com osteoporose pós-menopáusica é feito em intervalos regulares que dependem das características individuais de cada mulher, sendo que o intervalo pode variar de 1 até 3 anos. Nestas consultas são avaliados exames laboratoriais e a densitometria óssea, além da história clínica da paciente e adesão ao tratamento.

Fonte: UpToDate.

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Doutor em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991