domingo, 30 de junho de 2019

Feijão, uma ótima opção para pacientes com diabetes

Dica para quem tem diabetes ou quer prevenir a doença: coma feijão.


O feijão é um ótimo alimento, pois possui quantidade elevada de fibras e carboidratos complexos, ou seja, baixo índice glicêmico. Isto quer dizer que o "açúcar" do feijão é absorvido mais lentamente que o do arroz branco e até que o do arroz integral.
Mas atenção: no preparo, evite banha, embutidos (bacon e linguiça) e outras carnes processadas. Prefira temperar o feijão com alho, cebola e folhas de louro.
Pena que os brasileiros estejam comendo menos feijão hoje em dia.

Vídeo: Feijão ajuda a domar o diabetes



Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Doutor e Mestre em Endocrinologia - UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Insulina inalável tecnosfera – mais uma opção para o tratamento do diabetes

Não adianta querer tomar insulina na forma de comprimidos. Sua molécula, um polipetídeo, seria digerida no nosso estômago antes que pudesse ter qualquer efeito significativo nos níveis glicêmicos. A via oral apesar de prática, infelizmente não é viável. Outras vias de administração têm sido estudadas além da tradicional injeção. Transdérmica, bucal, nasal e... pulmonar, a mais promissora delas, que está chegando ao Brasil em 2019.

Dispositivo de inalação da insulina tecnosfera (Afrezza)

De uma forma bem simplificada, a insulina tecnosfera (nome comercial Afrezza) consiste de um pó seco que libera insulina regular diretamente na circulação pulmonar após a inalação através de um dispositivo muito parecido com os usados por pacientes asmáticos ou com DPOC. Sem seringas! Farmacologicamente, trata-se de uma insulina prandial, isto é, para ser usada antes das refeições, já que tem início de ação rápido (15 minutos) e duração curta (efeito máximo de 2 a 3 horas).
A insulina inalável já foi testada em pacientes com diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2 sempre em substituição às insulinas prandiais. Nos estudos, seu uso está associado a menor ganho de peso e a menos hipoglicemias. No entanto, a eficácia no controle glicêmico parece ser menor que no tratamento usual, já que menos pacientes atingem alvos de hemoglobina glicada abaixo de 7 por cento. Além disso, os pacientes com diabetes tipo 1 apresentam risco de cetoacidose diabética até 4 vezes maior. Durante os estudos, mais pacientes reportaram satisfação com o uso da insulina inalável do que com as seringas. Mas não temos a comparação com outros tipos de dispositivos (canetas ou bombas de infusão).
E quem é candidato a usar a "insulina sem picadas”? Estima-se que 6 em cada 10 pacientes com diabetes com indicação ao uso de insulinas prandiais possam optar pela insulina inalável. Fumantes, portadores de doenças pulmonares crônicas como asma e DPOC, que tenha espirometria alterada (FEV1 < 70 por cento) têm contraindicação ao uso.
Os efeitos adversos mais comuns da insulina inalada são tosse seca (44 por cento dos pacientes) e queda progressiva na função pulmonar, que deve ser acompanhada regularmente.
Nos Estados Unidos, apesar da grande expectativa de médicos e pacientes, a maior satisfação descrita nos estudos não se refletiu em maior aceitação do tratamento. Custo alto e dificuldades no ajuste posológico, o que dificulta o ótimo controle glicêmico, talvez expliquem estes achados. Nem tudo que reluz é ouro, não é mesmo?

Referência:
1- Pittas AG. Inhaled insulin therapy in diabetes mellitus. UpToDate.

Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Doutor e Mestre em Endocrinologia - UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991