terça-feira, 28 de abril de 2015

Diabetes mellitus tipo 2: conheça, enfrente e viva bem!

O que é diabetes mellitus tipo 2?

Nosso corpo precisa de combustível para funcionar, e a principal fonte de energia é glicose, um tipo de açúcar que obtemos principalmente através da alimentação. A glicose entra nas células com a ajuda da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas.
Em algumas pessoas com fatores de risco (leia logo abaixo), a insulina pode ter dificuldade em cumprir seu papel. O pâncreas até tenta aumentar sua produção hormonal para vencer esta resistência, mas acaba cansando, literalmente. Como consequência, os níveis de glicose sobem no sangue e o diabetes mellitus tipo 2 dá as caras.
Aproximadamente 1 de cada 10 brasileiros tem diabetes e o tipo 2 é a forma mais comum da doença.





São fatores de risco para o diabetes mellitus tipo 2:
- aumento da idade
- etnia (negros têm o risco maior que os brancos)
- história de diabetes mellitus nos familiares
- excesso de peso, principalmente se a barriga for grande
- falta de atividade física
- fumo
- alimentação inadequada, com excesso de produtos industrializados e poucos cereais integrais, frutas e verduras.

Quais são os sintomas do diabetes mellitus tipo 2?

Atenção! A grande maioria dos pacientes não sente nada! Logo, é muito importante fazer exames periódicos, principalmente se você se encaixa em algum dos grupos de risco.
Quando a glicose está muito alta no sangue, os sintomas mais comuns são:
- necessidade de urinar toda hora
- sede excessiva
- visão borrada
Pode acontecer em alguns casos: fadiga, perda de peso e até mesmo coma com necessidade de internação hospitalar.

Como se faz o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2?

O diagnóstico do diabetes tipo 2 pode ser feito através da medida da glicose no sangue (mais especificamente, no plasma), com 8 horas jejum e, em alguns casos, após sobrecarga de glicose anidra (após beber uma espécie de suco muito doce) ou da hemoglobina glicada. Se estiverem suficientemente elevadas em duas ocasiões, o diagnóstico está fechado. Em pacientes muito sintomáticos, uma medida de glicose elevada já é suficiente.

O que o diabetes mellitus tipo 2 pode fazer de ruim para a saúde?

Além de causar os sintomas já descritos, se não tratado adequadamente, o diabetes tipo 2 pode levar a complicações como:
- doenças vasculares como infarto e isquemias
- em homens, problemas na ereção

O diabetes mellitus tipo 2 tem cura?

O diabetes mellitus tipo 2 é uma doença crônica, ou seja, não tem cura. Mas com o tratamento adequado, evitam-se as complicações e o paciente tem uma excelente qualidade de vida.

Como se trata o diabetes mellitus tipo 2?

Além da modificação do estilo de vida (corrigir alimentação, fazer atividades físicas, emagrecer, parar de fumar), pode ser necessário uso de remédios para baixar a glicose. Existe uma grande diversidade de remédios antidiabéticos em comprimidos, além da insulina, que muitas vezes é necessária, principalmente nos casos mais graves. O paciente diabético deve manter controlada sua pressão arterial, colesterol no sangue e fazer regularmente avaliação/prevenção de possíveis complicações, como por exemplo, consulta com oftalmologista anual.
Por ter o manejo complexo, é aconselhável, sempre que possível, que o diabetes tipo 2 seja acompanhado regularmente (3 a 4 vezes por ano, no mínimo) por médico endocrinologista experiente e familiarizado com seu tratamento.

Fonte:
1- UpToDate.


No vídeo abaixo, explico as diferenças entre diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2.


Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

Texto atualizado em 21 de outubro de 2018.

sábado, 18 de abril de 2015

Avalição da coluna vertebral em pacientes com diminuição da massa óssea

A densitometria é o exame que avalia a massa óssea

A densitometria óssea é importante na avaliação do risco de fraturas associadas à diminuição da massa óssea. Tanto o quadril quando a coluna lombar são avaliados através deste exame. Pacientes com escore T menor que -2,5 recebem o diagnóstico de osteoporose e devem ser devidamente avaliados e tratados. Já os indivíduos com escore T menor que -1,0, recebem o diagnóstico de osteopenia. Contudo, se já tiverem sofrido alguma fratura, os pacientes com osteopenia devem ser abordados de maneira idêntica aos quem têm osteoporose.

Exame de raio-X mostrando fratura vertebral.


A pesquisa de fraturas é importante, pois muda a abordagem  terapêutica

Algumas fraturas, como a do colo do fêmur e do punho, são de fácil diagnóstico. Já as fraturas vertebrais podem passar despercebidas devido a ausência de sintomas. Mas quem deve ser investigado para fraturas vertebrais assintomáticas? Segundo a International Society for Clinical Densitometry, todo paciente com escore T menor que -1,0 mais um dos critérios abaixo, merece investigação através de exames de imagem:
- mulheres com 70 anos ou mais ou homens com 80 anos ou mais;
- redução da estatura maior que 4 centímetros;
- qualquer relato de fratura na coluna;
- tratamento com corticoides por mais de 3 meses (prednisona 5 mg ou equivalentes).


Referência:
1- International Society for Clinical Densitometry (ISCD): Official positions – Adult.


Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
Santa Maria - RS


Texto revisado em 22 de novembro de 2020.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Métodos anticoncepcionais após a cirurgia bariátrica

Mulheres são o principal público da cirurgia bariátrica

A cirurgia para obesidade ou bariátrica tem sido crescentemente utilizada como tratamento de casos graves de obesidade. Estudos apontam que mais de 80% das pessoas submetidas a este tipo de tratamento são mulheres, e destas, metade está em idade reprodutiva. Logo, cada vez mais mulheres que realizaram cirurgias bariátricas procuram por informações sobre planejamento familiar.


Bypass gástrico em Y de Roux
Bypass gástrico em Y de Roux


A cirurgia bariátrica recupera a fertilidade

Após a cirurgia bariátrica, com a redução progressiva do peso, muitas mulheres anteriormente inférteis acabam recuperando a ovulação. Pacientes com síndrome dos ovários policísticos, por exemplo, melhoram sua sensibilidade à insulina e reduzem os níveis de hormônios andrógenos. Como consequência, voltam a apresentar ciclos menstruais e recuperam sua fertilidade. Em um estudo, 15 de 32 mulheres com dificuldades de engravidar, acabaram gestando após a cirurgia bariátrica. Sendo assim, quem quer planejar o momento mais oportuno de ter seus filhos deve atentar para alguns detalhes no momento da escolha do método anticoncepcional.


O bypass gástrico diminui a eficácia da pílula anticoncepcional

Pacientes que se submeteram a procedimentos ditos restritivos, isto é, apenas de redução do tamanho do estômago, não têm restrições específicas relacionadas à cirurgia, podendo qualquer método ser escolhido, desde que conveniente. Já as pacientes submetidas a cirurgias disabsortivas, popularmente chamadas de "desvios", como o bypass gástrico em Y de Roux (figura), devem usar métodos contraceptivos que não sejam por via oral. Neste segundo tipo de cirurgia bariátrica, o intestino é menos capaz de absorver uma série de nutrientes e substâncias, entre eles as pílulas anticoncepcionais. Logo, como o efeito das pílulas é diminuído, não podem ser consideradas um método 100% eficaz. Estas pacientes devem fazer uso de métodos injetáveis, implantes ou de DIUs, conforme indicações do médico.


Referência:
1- Ouyang DW. Fertility and pregnancy after bariatric surgery. UpToDate.


Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
Santa Maria - RS

Texto revisado em 2 de novembro de 2020.

domingo, 12 de abril de 2015

Opinião: reportagem sobre vitamina D da Superinteressante

Até mesmo boas revistas como a Superinteressante, às vezes erram na dose do sensacionalismo. A vitamina D tem funções biológicas importantes e pode estar associada a uma série de doenças, mas no que se refere a tratamentos, ainda precisa ser melhor estudada. Doenças autoimunes com a esclerose múltipla têm ciclos de atividade e reemissão. Como saber se foi a vitamina D que tratou a doença ou se houve uma melhora espontânea? Os ensaios clínicos estão aí pra isso! Divulgar uma matéria dessa forma pode fazer com que pessoas prefiram tratamentos não embasados, com risco de piora em suas doenças.


Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576