Sempre que um paciente traz exames de sangue mostrando níveis discretamente elevados de prolactina (até 200 ng/mL), um dos primeiros passos da avaliação é coletar detalhadamente o histórico de todas as substâncias, especialmente medicações psiquiátricas, que vinham sendo usadas. A prolactina é produzida pela glândula hipófise. Outra substância, a dopamina produzida pelo hipotálamo, desce pela pequena haste hipofisária e é capaz de inibir a produção de prolactina na hipófise (figura abaixo). Ou seja, medicamentos que interfiram na ação da dopamina são capazes de elevar os níveis de prolactina.
Abaixo, uma lista de medicamentos comumente associados ao aumento nos níveis de prolactina e seus mecanismos de ação.
Abaixo, uma lista de medicamentos comumente associados ao aumento nos níveis de prolactina e seus mecanismos de ação.
Antipsicóticos de primeira geração: bloqueiam o receptor D2 da dopamina.
Clorpromazina
Flufenazina
Haloperidol
Loxapina
Perfenazina
Pimozida
Tiotixeno
Trifluoperazina
Antipsicóticos de segunda geração: bloqueiam o receptor D2 da dopamina.
Aripiprazol
Asenapina
Clozapina
Iloperidona
Lurasidona
Olanzapina
Paliperidona
Quetiapina
Risperidona (medicamento que mais eleva a prolactina!)
Ziprasidona
Antidepressivos tricíclicos: possivelmente agem através de estimulação GABA e modulação indireta da liberação de prolactina pela serotonina.
Amitriptilina
Desipramina
Clomipramina
OBS: a nortriptilina não causa elevação da prolactina
Antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina: mesmo mecanismo dos triciclicos. O aumento da prolactina é menos comum.
Citalopram
Fluoxetina
Fluvoxamina
Paroxetina
Sertralina
Medicações para vômito: bloqueiam o receptor D2 da dopamina.
Metoclopramida
Domperidona
Proclorperazina
Medicamentos para pressão alta:
Verapamil - mecanismo pouco conhecido.
Metildopa - inibe a síntese de dopamina.
Analgésicos opioides (tratamento de dor grave): efeito indireto da ativação do receptor mu opioide. A elevação da prolactina é transitória nesses casos.
Metadona, morfina e outros.
Nos casos de elevação dos níveis de prolactina concomitantes ao uso destes medicamentos, a avaliação conjunta do médico endocrinologista com o médico prescritor (clínico, psiquiatra, gastroenterologista ou cardiologista) é fundamental para decisão da melhor forma de abordagem diagnóstica e terapêutica, já que alguns pacientes poderão seguir fazendo uso da medicação e outros deverão ter a medicação suspensa ou substituída.
Fonte: UpToDate
Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576
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