sexta-feira, 1 de maio de 2020

Vale a pena dosar insulina para diagnosticar resistência insulínica ou hiperinsulinismo?

O que é e como surge a resistência à insulina?

Resistência à insulina não é propriamente uma doença. Trata-se do processo fisiopatológico em que existe uma resposta diminuída do organismo à ação da insulina. Várias condições compartilham este mecanismo, destacando-se o diabetes mellitus tipo 2.
Hábitos alimentares inapropriados, com alto teor calórico, associados ao sedentarismo, levam a aumento de peso e acúmulo de gordura abdominal. Este tipo de gordura produz substâncias com atividade inflamatória e hormonal que diminuem a sensibilidade das células do organismo à insulina. O pâncreas tenta compensar essa deficiência relativa secretando mais insulina, isto é, causando hiperinsulinismo. Com o passar do tempo o mecanismo de adaptação começa a se exaurir, a glicose sobe e o diabetes dá as caras.



Dosagem da insulina tem pouca utilidade

Muitas pessoas com fatores de risco para o diabetes têm a seguinte dúvida: “Vale a pena medir a resistência insulínica através de exames como estratégia de prevenção do diabetes?” Provavelmente não.
O exame é útil quando é capaz de diagnosticar uma condição com precisão e o seu resultado é capaz de modificar a conduta do médico. As medidas de resistência à insulina deixam a desejar nesses dois pré-requisitos, pois são pouco acuradas e quase não mudam a maneira como o médico vai tratar seu paciente. Logo, nenhuma entidade médica recomenda este tipo de exame, salvo em situações muito especiais ou dentro de pesquisa.


Avaliação clínica é melhor que o exame laboratorial

Então como saber se existe risco de diabetes? Lança-se mão do velho e bom exame clínico - história bem feita e exame físico com medida da pressão arterial, circunferência abdominal, peso e estatura - aliado a exames laboratoriais consagrados como a medida da glicemia, colesterol e triglicerídeos. Estas informações são mais que suficientes para traçar uma estratégia de prevenção do diabetes e de todas suas consequências, ao contrário das medidas de insulina, que na maioria das vezes só acrescentam custos à assistência.

Referência:
1- Mantzoros C. Insulin resistance: Definition and clinical spectrum.UpToDate.

Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

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