domingo, 12 de abril de 2015

Opinião: reportagem sobre vitamina D da Superinteressante

Até mesmo boas revistas como a Superinteressante, às vezes erram na dose do sensacionalismo. A vitamina D tem funções biológicas importantes e pode estar associada a uma série de doenças, mas no que se refere a tratamentos, ainda precisa ser melhor estudada. Doenças autoimunes com a esclerose múltipla têm ciclos de atividade e reemissão. Como saber se foi a vitamina D que tratou a doença ou se houve uma melhora espontânea? Os ensaios clínicos estão aí pra isso! Divulgar uma matéria dessa forma pode fazer com que pessoas prefiram tratamentos não embasados, com risco de piora em suas doenças.


Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576

domingo, 8 de março de 2015

Amendoim protege o coração

Pesquisa publicada na revista médica JAMA no mês de março de 2015 mostrou que o consumo regular de amendoim pode ser muito bom para proteger a saúde do coração. Neste estudo mais de 200 mil indivíduos dos Estados Unidos e China foram acompanhados por até 12 anos. Quem consumiu o equivalente a 18 gramas de amendoim por dia apresentou redução significativa no risco de morte por doenças isquêmicas do coração. Os pesquisadores chamam a atenção para o fato do amendoim ser extremamente barato e que o consumo de pequenas porções já seria muito benéfico. Dica: no momento de consumir amendoim, prefira a versão torrada sem sal ou açúcar. Nada de amendoim confeitado!

Fonte: Medscape


Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
Santa Maria - RS

Texto revisado em 2 de novembro de 2020.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Remédios que podem alterar exames tireoidianos

Vários medicamentos prescritos por diversos motivos podem alterar exames da tireoide. O médico endocrinologista deve estar familiarizado com esta lista de fármacos para evitar diagnósticos incorretos, além de exames e tratamentos desnecessários.
Podemos classificar os medicamentos que interferem nos exames tireoidianos em três grupos.




Medicamentos que causam hipotireoidismo


1) Causam inibição da fabricação ou da liberação dos hormônios na corrente sanguínea - tionamidas,  lítio, perclorato, aminoglutetimida, talidomida, iodo e medicamentos contendo iodo como amiodarona, contrastes radiográficos,  alguns expectorantes, soluções de iodeto de potássio, antissépticos tópicos.

2) Diminuem a absorção do hormônio tireoidiano (levotiroxina) - colestiramina, colestipol, colesevelam, hidróxido de alumínio, carbonato de cálcio, sucralfato, sulfato ferroso, raloxifeno, omeprazol, lansoprazol e possivelmente outros medicamentos que diminuem a secreção de ácido pelo estômago, sevelemer.

3) Causam desregulação imunológica - interferon alfa, interleucina-2, ipilimumab, alemtuzumab, pembrolizumab.

4) Causa supressão do TSH - dopamina.

5) Pode causar inflamação destrutiva da tireoide - sunitinib.

6) Causa inativação do hormônio tireoidiano - sorafenib.

7) Diminui os níveis de T4 e reduz os níveis de TSH - bexaroteno.


Medicamentos que causam hipertireoidismo


1) Estimulam a fabricação e/ou liberação dos hormônios tireoidianos - iodo, amiodarona.

2) Causam desregulação imunológica - interferon alfa, interleucina-2, ipilimumab, alemtuzumab, pembrolizumab.


Medicamentos que alteram os exames sem alterar a função da tireoide


1) Reduzem a TBG - andrógenos, danazol, glicocorticoides, ácido nicotínico, l-asparaginase.

2) Aumentam a TBG - estrógenos, tamoxifeno, raloxifeno, metadona, 5-fluouracil, clofibrato, heroína, mitotano.

3) Diminuem a ligação do T4 a TBG - salicilatos, salsalato, furosemida, heparina, alguns anti-inflamatórios.

4) Aumenta a retirada do T4 da circulação - fenitoína, carbamazepina, rifampina, fenobarbital.

5) Suprime a secreção de TSH - dobutamina, glicocorticoides, octreotide.

6) Dificulta a conversão de T4 em T3 - amiodarona, glucocorticoides, ácido iopanoico, propiltiouracil, propranolol, nadolol.


Adaptado de UpToDate OnLine.


Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
Santa Maria - RS


Texto revisado em 18 de outubro de 2020.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Agora sim, suco!

No mês de agosto de 2014 tive a oportunidade de participar do Workshop de Saúde e Bem-estar 2014 Coca-Cola. Neste evento, diversos profissionais de saúde debateram questões relacionadas a bebidas como processos produtivos, aditivos alimentares, quantidade de açúcar, entre outros temas. Foi consenso entre os participantes de que a indústria deve procurar oferecer opções mais saudáveis, com menos aditivos e com menor teor de açúcar adicionado. Seis meses após, pude perceber que o debate começou a render frutos. Recebi por correio duas caixinhas de suco Del Valle (fotos abaixo), agora sim suco e não néctar! Para quem não está familiarizado, a legislação brasileira só permite o uso do termo "suco" para bebidas que sejam elaboradas com 100% polpa de fruta. Os néctares tem 30 a 50% de fruta e o restante geralmente é composto de água e açúcar. Trata-se de um avanço, mas algumas ressalvas merecem ser feitas.
Apesar de ser 100% polpa de fruta, os sucos são bebidas calóricas, logo devem ser consumidos dentro de uma dieta equilibrada e com moderação. Apesar de mais práticos, os sucos industrializados perdem algumas propriedades importantes como vitaminas e fibras. Isto é, apesar deste lançamento ser melhor que um néctar, não é melhor que um suco natural feito na hora. Por fim, alguns estudos mostram que o consumo regular de bebidas doces, sejam elas refrigerantes ou sucos, está associado a uma maior frequência de problemas de saúde como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Então, procure um profissional de saúde, equilibre sua dieta, coma 5 porções de frutas e vegetais todos os dias, mantenha uma vida ativa, beba muita água e, eventualmente, consuma sucos, de preferência feitos na hora.




Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
Santa Maria - RS

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Excesso de andrógenos se associa a problema cardíacos em mulheres

Testosterona em excesso pode prejudicar o coração

Excesso nos níveis dos hormônios androgênicos, isto é, hormônios responsáveis pelos caracteres sexuais secundários em homens (barba, por exemplo), também conhecidos com "hormônios masculinos", está associado a aumento de risco de doenças cardíacas e vasculares em mulheres.


Alterações nos níveis de colesterol e triglicerídeos são responsáveis pelo maior risco

Este tipo de alteração hormonal é comum em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. O excesso de andrógenos como testosterona parece ser responsável pela redução dos níveis do colesterol HDL (bom), aumento dos níveis de triglicerídeos e maior proporção de partículas pequenas do colesterol LDL (ruim). Estas mudanças no perfil lipídico aumentam a chance de entupimento dos vasos sanguíneos e doenças dos coração. Logo, convém que toda mulher com diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos ou manifestações de excesso de andrógenos como hirsutismo (pelos em excesso) seja avaliada por um endocrinologista.



Referência:
1- Conway GS, Agrawal R, Betteridge DJ, Jacobs HS. Risk factors for coronary artery disease in lean and obese women with the polycystic ovary syndrome. Clin Endocrinol (Oxf). 1992;37(2):119.


Quer mais informações sobre a síndrome dos ovários policísticos? Separei três vídeos sobre o assunto...


1- Diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos



 2- Avaliação laboratorial da síndrome dos ovários policísticos



3- Vantagens do uso da pílula anticoncepcional na síndrome dos ovários policísticos



Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
Santa Maria - RS


Texto revisado em 18 de outubro de 2020.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Comunicado importante sobre "modulação hormonal"

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia alerta à população que a chamada “modulação hormonal”, divulgada como terapia antienvelhecimento, não tem comprovação científica e não é recomendada pelos endocrinologistas.

As terapias hormonais substitutivas só se justificam nos casos de deficiências hormonais comprovadas laboratorial e clinicamente. As modificações dos níveis de hormônios que ocorrem normalmente com o envelhecimento só devem ser tratadas quando se acompanham de queixas compatíveis com a carência hormonal em questão.


Referência:
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia



Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
Santa Maria - RS


Texto revisado em 18 de outubro de 2020.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Sedentarismo mata mais que obesidade

Estudo de pesquisadores do Reino Unido publicado na revista American Journal of Clinical Nutrition evidenciou que não fazer atividades físicas regularmente pode ser mais perigoso para saúde do que estar acima do peso. Cerca de 330 mil homens e mulheres foram acompanhados por mais de 12 anos. Após as análises, constatou-se que a falta de exercícios físicos tira duas vezes mais vidas que a obesidade. Os autores do estudo sugerem que a partir de 20 minutos de atividades físicas por dia, o risco de morte começa a reduzir, mas recomendam que as pessoas não se limitem a este mínimo.
É muito importante que interpretemos corretamente as informações acima. O excesso de peso e a obesidade continuam sendo problemas que merecem ser combatidos. No entanto, ficar parado, principalmente para quem é magro, pode ser tão ou mais perigoso que os quilos extras.

Fonte: Medscape



Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS
CREMERS 30.576 - RQE 22.991
Santa Maria - RS

Texto revisado em 27 de setembro de 2020.