sexta-feira, 30 de junho de 2017

Tenho esteatose hepática (fígado gorduroso) e agora?

A doença hepática gordurosa não alcoólica, popularmente conhecida como fígado gorduroso, vem ganhando cada vez mais destaque no rol das doenças metabólicas. Frequentemente é descoberta em exames de rotina. Após excluídas outras causas de doenças do fígado, o paciente recebe o diagnóstico de NAFLD (sigla em inglês para "doença hepática gordurosa não alcoólica") e surgem as primeiras dúvidas quanto ao prognóstico. O que esse acúmulo de gordura no fígado pode causar? Qual o risco de possíveis complicações? A seguir, conversaremos um pouco sobre a história natural desta doença.



A primeira preocupação com a esteatose hepática é a progressão para doença terminal, isto é, para cirrose. O risco é maior quanto maior for o grau de inflamação e de fibrose do fígado, isto é, se há de fato uma hepatite instalada ("esteato hepatite não alcoólica" ou NASH, em inglês). Estudos que avaliaram a progressão da doença através de biópsias observaram que cerca de 40% dos pacientes com NAFLD apresentam piora da inflamação e da fibrose no decorrer do tempo. Pacientes que apresentam apenas acúmulo de gordura no fígado costumam levar 13 anos para desenvolver fibrose avançada. Já os pacientes que já apresentam atividade inflamatória (NASH), este tempo reduz para apenas 4 anos.
Não é só a avaliação histológica através da biópsia que é levada em conta para avaliar a progressão da NAFLD. Como a biópsia é um exame invasivo e nem sempre disponível, alguns critérios clínicos são bastante úteis para melhor estratificação do risco. Aumentam o risco de progressão da doença de forma relevante: idade avançada, diagnóstico de diabetes, elevação das enzimas hepáticas (TGO/AST e TGP/ALT) acima de 2 vezes o limite superior da normalidade, índice de massa corporal maior ou igual a 28 kg/m2, aumento da circunferência abdominal, elevação dos triglicerídeos, redução do colesterol HDL e tabagismo ativo. Por outro lado, o uso de estatinas e o consumo regular de café parecem diminuir o risco de progressão da doença.
O consumo de álcool é tópico que gera debate, já que estudos mostram resultados conflitantes com relação ao consumo baixo ou moderado (duas doses de álcool por dia para homens e uma dose para mulheres). No entanto, o consumo acima deste patamar ou mesmo o consumo eventual de grandes quantidades (quatro doses de álcool) está associado com progressão mais rápida da doença.
Os pacientes com progressão para fibrose avançada ainda apresentam maior risco de câncer de fígado. Nos casos onde o diagnóstico é de cirrose, o risco fica em torno de 13% em 3 anos.
Por fim, quanto maior a atividade inflamatória e o grau de fibrose, maior parece ser o risco de eventos cardiovasculares (infarto do miocárdio e acidente vascular encefálico). O risco de morte por doenças cardiovasculares pode ser quase duas vezes maior em um paciente com esteatose hepática quando comparado a uma pessoa com o fígado saudável.
O apropriado conhecimento do comportamento da doença ajuda a traçar estratégias apropriadas e individualizadas de seguimento e de tratamento. Mas isso já é matéria para um próximo texto…

Fonte: Natural history and management of nonalcoholic fatty liver disease in adults – UpToDate Online

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Doutor em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

domingo, 18 de junho de 2017

Microbiota e saúde metabólica

Estima-se que existam mais de 100 bilhões de galáxias no Universo... Não estamos sós! Esta afirmação ganha conotação ainda mais relevante quando consideramos todos os microrganismos que “moram” dentro do nosso aparelho digestivo. São cerca de 100 trilhões de seres microscópicos, predominantemente bactérias, que exercem diversas funções importantes, entre elas, regular nosso metabolismo.



O entendimento de que o microbiota intestinal possa exercer papel metabólico importante é relativamente recente. No ano de 2004, pesquisadores perceberam que ratinhos “livres de germes”, isto é, sem bactérias no interior do tubo digestivo, não engordavam quando alimentados com uma dieta rica em açúcar e gorduras. Além disso, quando esses animais eram transplantados com os microrganismos do intestino de animais obesos, acabavam engordando também. Em outras palavras, percebeu-se que os micróbios que habitam o trato gastrointestinal, de alguma forma, propiciavam a uma maior absorção da energia ingerida com os alimentos.
De fato, o nosso microbiota exerce esta e outras funções importantes desde que nascemos e começamos a nos alimentar. Do ponto de vista metabólico, quatro funções são essenciais:

1- Regulação da barreira da mucosa intestinal: o nosso sistema digestivo deve absorver nutrientes e barras substâncias tóxicas. Para que isso ocorra, as células que compõem a mucosa intestinal são fortemente ligadas umas às outras, o que evita qualquer tipo de “vazamento”. Uma das formas do microbiota ajudar nessa função é, literalmente, alimentando as células intestinais. Os microrganismos transformam as fibras da dieta em ácidos graxos de cadeia curta, o principal combustível das células da mucosa intestinal.

2- Controle da captação e da metabolização de nutrientes: dependendo da composição da nossa dieta, a composição do microbiota pode mudar, assim como a forma como aproveita determinados nutrientes. Dependendo de como ocorrer a metabolização de fibras, aminoácidos e sais biliares, a permeabilidade da mucosa intestinal muda, predispondo a maior inflamação, aumento no ganho de gordura e predisposição a distúrbios metabólicos como diabetes, hipertensão e dislipidemia.

3- Modulação do sistema imunológico: ensinar as células do nosso sistema de defesa a se comportar de forma apropriada também é função do microbiota. Os leucócitos devem aprender a identificar e combater as ameaças reais, ao mesmo tempo que evita respostas inapropriadas ou desnecessárias. Diversas doenças ditas autoimunes, como o próprio diabetes mellitus tipo 1, podem ter origem em desbalanços no sistema imunológico.

4- Prevenção da propagação de patógenos: já ouviu aquele ditado “quando os gatos saem os ratos fazem a festa”? A presença de um microbiota saudável evita a proliferação de germes com potencial de causar doenças.

Quando ocorre algum tipo de desbalanço entre as diferentes espécies de micróbios que compõem nossos microbiota, as quatro funções acima ficam prejudicadas. Chamamos essa situação de disbiose. Ainda não está completamente claro o mecanismo que leva à disbiose. No entanto, já se identificaram diferentes influenciadores do microbiota como a via de parto, características genéticas do hospedeiro, exposição a infecções e antibióticos e, principalmente a dieta.
A melhor compreensão da relação que mantemos com as bactérias do nosso intestino, além de esclarecer mecanismos ainda obscuros de algumas doenças, também tem o potencial de ajudar no desenvolvimento de novas modalidades terapêuticas. Assim como no que se refere ao conhecimento do Universo, estamos apenas dando os primeiros passos na exploração desses “microcosmo”…

Fonte: Boulangé CL, Neves AL, Chilloux J, Nicholson JK, Dumas ME. Impact of the gut microbiota on inflammation, obesity, and metabolic disease. Genome Medicine 2016;8:42.

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

domingo, 4 de junho de 2017

Doença hepática gordurosa não alcoólica (esteatose hepática): o acúmulo de gordura no fígado

Hábitos alimentares inapropriados aliados ao sedentarismo levam a uma série de complicações metabólicas com o passar do tempo. Problemas de saúde, tais como excesso de peso, pressão alta, elevação da glicose e diabetes mellitus, aumento dos níveis de colesterol e maior risco de doenças cardiovasculares vão progressivamente se instalando. Além destes problemas, vem ganhando progressivo destaque a doença hepática gordurosa não alcoólica (o tipo mais comum de esteatose hepática), ou seja, acúmulo de gordura no fígado.
Diferentes estudos demonstram que até 35% da população mundial possa ter este tipo de esteatose hepática, colocando-a como a principal doença do fígado em países ocidentais atualmente. Quanto mais componentes da síndrome metabólica estiverem presentes (glicose alta, aumento da gordura abdominal, pressão alta e alteração nos níveis de colesterol e triglicerídeos) maior é o risco de doença hepática gordurosa.



A grande maioria dos pacientes não sente nada e descobre o problema em exames de imagem ou de sangue. Contudo sintomas como desconforto abdominal, cansaço e mal estar podem estar presentes. Durante a consulta médica, o aumento do fígado por vezes é detectado no exame físico.
A doença hepática gordurosa não alcoólica tem diagnóstico de exclusão, isto é, antes de tudo, os pacientes devem ser avaliados quanto à presença de outras doenças do fígado e perguntados sobre uso de medicamentos e substâncias (álcool, por exemplo) que também podem causar acúmulo de gordura. Depois de excluídas todas as possíveis causas, confirma-se o diagnóstico. Caso permaneçam dúvidas, uma biópsia do fígado pode ser solicitada.
Mas por que a doença hepática gordurosa não alcoólica preocupa? O simples fato de o paciente ter gordura depositada no fígado aumenta de forma independente o risco de doenças cardíacas e vasculares. Além disso, a gordura pode levar à inflação do fígado causando uma hepatite, a esteato hepatite não alcoólica. Esta pode dentro de alguns anos acabar evoluindo para cirrose com suas consequências como câncer de fígado e transplante hepático.
O tratamento da doença gordurosa hepática não alcoólica consiste em modificar os hábitos de vida para combater as alterações metabólicas, além de tratar os níveis elevados de açúcar e colesterol quando presentes. Infelizmente, tratamentos específicos com remédios ainda deixam muito a desejar.
Não está indicado o rastreamento da doença em pessoas assintomáticas, já que ainda existem dúvidas quanto a melhor forma de se abordar estes casos. Mas medidas preventivas podem ser tomadas e consistem em manter hábitos saudáveis e o peso o mais próximo possível do ideal.

Fonte: Epidemiology, clinical features, and diagnosis of nonalcoholic fatty liver disease in adults - UpToDate Online

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

domingo, 7 de maio de 2017

Vacinação no paciente com diabetes: hepatite B

Atualmente a vacina contra hepatite B faz parte do calendário vacinal de crianças, adultos e idosos no Brasil. Em outras palavras, tem recomendação universal. No entanto, alguns grupos apresentam risco maior de infecção pelo vírus da hepatite B, como profissionais de saúde e pessoas portadoras de diabetes. Nesses grupos, as campanhas devem ser ainda mais intensas!



Pacientes diabéticos com menos de 60 anos, tanto do tipo 1 quanto do tipo 2, têm risco duas vezes maior de contrair hepatite B quando comparados a pessoas sem diabetes com a mesma idade. Nos pacientes diabéticos com mais de 60 anos, o risco também é um pouco maior, mas sem significância estatística, ou seja, este pequeno aumento do risco nos idosos pode não ser real.
Logo, todo paciente diabético com menos de 60 anos, desde o momento do diagnóstico, deve ser imunizado contra a hepatite B caso ainda não tenha recebido a vacina. São três doses feitas com 0, 1 e 6 meses de intervalo. Os pacientes diabéticos com mais de 60 anos também podem ser vacinados, principalmente se viverem em instituições como asilos ou casas geriátricas. Contudo a eficácia da vacina parece ser menor nos idosos.
A prevenção contra hepatite B é muito importante já que se trata de uma doença facilmente transmissível através de sangue e outros fluidos. Cerca de 40% dos pacientes precisam de hospitalização na infecção aguda e 4% morrem de complicações. Além disso, 5% dos pacientes tornam-se portadores crônicos do vírus e destes, 15% progridem para cirrose e/ou câncer de fígado.
Se você é diabético, evite compartilhar insulinas, canetas, seringas ou glicosímetros. Além disso, exija do seu médico encaminhamento para vacinação através da rede pública.

Fonte: Medscape

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

domingo, 16 de abril de 2017

Rachando a mania por óleo de coco

Não canso de repetir: a internet é uma ferramenta maravilhosa de busca e acesso à informação, mas devemos ter cuidado com a grande quantidade de besteira que circula na rede! Um dos últimos engôdos é citar a respeitada Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, para tentar justificar o modismo do “óleo de coco que tudo trata”.
Costumo sempre escrever meus próprios textos, mas para fazer frente a tanta lorota e mentira, desta vez vou apenas traduzir um texto publicado no blog de saúde da Universidade de Harvard, no dia 10 de abril de 2017, sobre o óleo de coco. Boa leitura!



Rachando a mania por óleo de coco

Julie Corliss, editora do Harvard Heart Letter

Se você buscar no Google "óleo de coco", verá uma enorme quantidade de histórias promovendo os alegados benefícios para a saúde desta gordura branca sólida, que é fácil de encontrar nos supermercados nos dias de hoje. Mas como pode algo que é repleto de gordura saturada - uma conhecida culpada em levantar risco de doença cardíaca - ser bom para você?
O coco tem algumas qualidades únicas que os entusiastas citam para explicar seus possíveis benefícios à saúde. Mas a evidência para apoiar essas alegações é muito frágil, diz o Dr. Qi Sun, professor-assistente no Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard.
"Se você quiser reduzir o risco de doença cardíaca, o óleo de coco não é uma boa escolha", diz ele. É verdade que o óleo de coco tende a aumentar o colesterol HDL, benéfico, mais do que outras gorduras, possivelmente por ser rico em ácido láurico, um ácido graxo que o corpo processa de forma ligeiramente diferente do que faz outras gorduras saturadas.

O efeito do óleo de coco sobre o colesterol

Mas não há evidências de que o consumo de óleo de coco possa diminuir o risco de doenças cardíacas, de acordo com um artigo publicado em abril de 2016 no periódico Nutrition Reviews. O estudo, intitulado "Coconut Oil Consumption and Cardiovascular Risk Factors in Humans", revisou resultados de 21 estudos, a maioria dos quais examinou os efeitos do óleo de coco ou produtos de coco sobre os níveis de colesterol. Oito foram ensaios clínicos, em que voluntários consumiram diferentes tipos de gorduras, incluindo óleo de coco, manteiga e óleos vegetais insaturados (como oliva, girassol, cártamo e óleo de milho) por curtos períodos de tempo. Em comparação com os óleos insaturados, o óleo de coco aumentou os níveis de colesterol total, HDL e LDL, embora não tanto quanto a manteiga.
Estas conclusões estão de acordo com os resultados de um estudo realizado pelo Dr. Sun e colegas na edição de 23 de novembro de 2016 do British Medical Journal, que examinou as ligações entre diferentes tipos de ácidos graxos saturados e doenças cardíacas. Comparado com outras gorduras saturadas (como o ácido palmítico, que é abundante na manteiga), ácido láurico não parece aumentar tanto o risco cardíaco. Contudo, é provável que o baixo consumo de ácido láurico da dieta americana tenha tornado mais difícil detectar qualquer tipo efeito, observa o Dr. Sun.

Dietas tropicais são diferentes

Os defensores do óleo de coco apontam para estudos de populações indígenas em partes da Índia, Sri Lanka, Filipinas e Polinésia, cujas dietas incluem quantidades copiosas de coco. Mas suas dietas tradicionais também incluem mais peixes, frutas e legumes do que as dietas típicas americanas, então esta comparação não é válida, diz o professor da Faculdade de Medicina de Harvard, Dr. Bruce Bistrian, que é chefe de nutrição clínica no Beth Israel Deaconess Medical Center.
Algumas marcas de óleo de coco disponíveis no comércio são rotuladas como "virgem", significando que são feitas através da prensagem da polpa do coco fresca, separando então o óleo. Tem gosto e cheiro de coco, ao contrário do óleo de coco refinado, clarificado e desodorizado feito a partir da polpa de coco seca, usado em alguns alimentos processados e cosméticos. Óleo de coco virgem contém pequenas quantidades de compostos antioxidantes que podem ajudar a reduzir a inflamação, um processo prejudicial que se acredita que possa piorar a doença cardíaca. Mas até agora, a prova de qualquer benefício possível é limitada a pequenos estudos em ratos e camundongos, diz o Dr. Bistrian.

Gorduras insaturadas

Em contraste, há uma riqueza de dados mostrando que dietas ricas em gordura insaturada, especialmente azeite de oliva, possam diminuir o risco de doença cardiovascular, Dr. Sun aponta. A evidência vem não somente de muitos estudos observacionais (como aqueles no relatório acima mencionado de BMJ), mas também de um estudo clínico espanhol pioneiro, que demonstrou que pessoas que consumiram uma dieta mediterrânea rica em azeite de oliva extravirgem ou em oleaginosas (castanhas, amêndoas, nozes) tiveram menor risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e morte por doença cardíaca do que as pessoas que seguiram uma dieta com baixo teor de gordura.
Claro, não há necessidade de evitar completamente o óleo de coco, se você gosta do sabor. Alguns padeiros usam óleo de coco em vez de manteiga em produtos assados, e o leite de coco é um ingrediente chave na culinária tailandesa e alguns pratos indianos. Apenas considere estas iguarias como prazeres ocasionais, não como uma obrigação diária.

Fonte do original em inglês:

Em resumo, o óleo de coco não é um suplemento, muito menos um medicamento. É um alimento como qualquer outro. A opção pelo seu uso é exclusivamente culinária, já que não há evidências que opere qualquer milagre pela saúde humana.

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

domingo, 2 de abril de 2017

Doenças da tireoide e doação de sangue

Frequentemente alguém pergunta: “Tenho um problema na tireoide. Isso me impede de doar sangue?” Na grande maioria das vezes, pessoas com doenças tireoidianas compensadas podem sim doar sangue.
Abaixo, as recomendações para seleção de doadores de sangue da Organização Mundial da Saúde (OMS) quando houver histórico de doenças da glândula tireoide.



Podem doar sangue:
Indivíduos com doenças tireoidianas benignas que estejam compensadas como:
- Bócio assintomático.
- História de tireoidite viral ou subaguda.

Não poderão doar sangue momentaneamente:
Indivíduos:
- Com doença tireoidiana em investigação.
- Com hiper ou hipotireoidismo descompensados.
- Com câncer de tireoide em tratamento.

Não poderão doar sangue em nenhum momento:
Indivíduos com diagnóstico de Doença de Graves, já que os anticorpos do doador poderão causar hipertireoidismo no receptor.

No caso de dúvidas, consulte seu médico endocrinologista ou o banco de sangue.

Fonte:
Blood Donor Selection: Guidelines on Assessing Donor Suitability for Blood Donation. Geneva: World Health Organization; 2012.

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

domingo, 26 de março de 2017

Cuidados com os pés no paciente com diabetes mellitus

Problemas nos pés são frequentes em pacientes diabéticos. Felizmente, a maioria destas complicações pode ser prevenida através de monitorização cuidadosa. O paciente diabético deve ter como rotina diária o autocuidado dos pés.
O diabetes mellitus pode levar a uma série de complicações nos pés, entre elas: micoses, calos, joanetes e outras deformidades, além de feridas que podem ser superficiais ou tão profundas a ponto de alcançar os ossos.

As lesões encontradas nos pés dos pacientes diabéticos têm como causa a má circulação sanguínea e a lesão dos nervos, ambas causadas pelos níveis elevados de glicose. O fluxo sanguíneo diminuído aliado à diminuição da sensibilidade predispõe a feridas de difícil cicatrização. Estima-se que 5 de cada 100 pacientes diabéticos precisam ser amputados devido a problemas nos pés.
O paciente diabético deve ter seus pés examinados por um endocrinologista pelo menos uma vez ao ano. Durante o exame, o médico avalia a circulação, a pele, os nervos e procura por deformidades. Para isto palpa os pulsos e testa a sensibilidade dos pés através de instrumentos específicos como o monofilamento e o diapasão. Qualquer alteração encontrada deve ser tratada e/ou monitorada para que se evitem lesões mais graves.
Além do exame médico, são medidas importantes no cuidado dos pés do paciente diabético:
– evitar o cigarro, já que o fumo prejudica a circulação;
– ter cuidado ao cortar as unhas, evitando retirar as cutículas ou deixa-las encravadas;
– lavar, secar e hidratar os pés diariamente. Durante este processo procurar por abrasões, áreas avermelhadas, bolhas ou qualquer tipo de ferida, principalmente na planta e entre os dedos;
– evitar andar descalço ou usar calçados apertados e desconfortáveis.
Respeitadas estas medidas, os problemas nos pés dificilmente surgirão. Contudo, caso se perceba qualquer lesão, o médico deverá ser prontamente consultado para que o tratamento seja rapidamente instituído e se evite assim a temida amputação.

Fonte: UpToDate OnLine

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576 - RQE 22.991